6 de fevereiro de 2019

A infinitude da vida!



Desde de cedo nós somos condicionados a pensar de forma dicotômica, dividida, opositora... E não é para menos! A dualidade da vida nos acompanha desde os primórdios de nossa existência. Logo no primeiro sinal de consciência que criamos, aprendemos que no fim vem a morte e que o contrário de viver é morrer. Junto a isso aprendemos que tudo no mundo tem o seu contrário: dia/noite, luz/escuridão, bem/mal, positivo/negativo, direita/esquerda e assim por diante.


O pensamento é estupidamente lógico e tão natural que muitos duvidam que cabem questionamentos, afinal, para que algo exista, o seu oposto também deva existir. Correto? Calma lá...!

A primeira grande suspeita que eu tive de que poderia haver outras formas de pensar, veio ainda na minha infância; meu pai foi o grande responsável por trazer esse conflito. Foi ele quem  me falou pela primeira vez de outras formas para a contagem do dia, mas não explicou totalmente. Eu tive que conviver boa parte de minha infância com essa aflição até o dia em que, estudando, pude descobrir que haviam pelo menos, três formas para a contagem do dia.



-Três???? 
-Sim... Três...!!!

Há três forma de contagem para o dia: a primeira e a mais comum é o chamado dia civil, esse que é responsável pela marcação das datas de nosso calendário; ele começa a meia noite de qualquer data e termina às 23:59:59 dessa data; ele dura convencionalmente, exatamente 24h. A segunda forma de contar o dia, é o dia solar, que pode variar, mas a grosso modo, dura em média 12h, que é o tempo em que o sol demora para percorrer o céu de um lado a outro no horizonte. A terceira forma e talvez a menos lembrada é o dia real, que é o tempo de rotação da terra que dura não 24h, mas sim, 23 horas, 56 minutos e 4 segundos. 

Mas o que isso tem a ver com pensamento dicotômico?

Somos condicionados a quase sempre pensar de uma única forma. Nós não somos incentivados a questionar, dialogar, entender e muito menos a ouvir. Desde cedo nós somos introduzidos a uma sociedade onde os valores já foram ditados, as regras já foram criadas e as leis já foram escritas. Mas raramente alguém pergunta por quem, para que ou onde?

Desse modo, aprendemos o conceito sobre o que é certo e o que é errado, sobre a ética e a moral e vamos moldando uma forma de pensar adjetiva. Por impulso, adjetivamos tudo... Isso é bom, isso é ruim; isso faz bem, isso faz mal; eu gosto disso, eu não gosto disso...
Aos poucos, nós vamos traduzindo o mundo a essa ótica limitada e binária de nossa existência, sem nos atentarmos que possa haver no minimo, mais três formas de encarar as coisas.

A pior parte é que esse pensamento contamina tudo a nossa volta. É tão natural que nem percebemos que na politica, por exemplo, todos acham normal que haja ideias de esquerda e de direita; ou que na sociedade, encaramos com uma certa naturalidade o conceito de que existem rico e pobres; ou ainda no trabalho, aprendemos que há o chefe e há o empregado... É assim com tudo que fazemos.

"Todos os animais são
iguais, mas uns
são mais
iguais que os outros"
Esse tipo de pensamento foi duramente criticado por George Orwell em A revolução dos Bichos (se não leu, LEIA, por favor).
Orwell traduz de forma simplória o jeito como governamos nossa vida com uma frase.
Na história (ou estória, como preferir), os animais são incapazes de lembrar de todas as regras da fazenda. Como solução, seus líderes, que também são animais, resume toda a lei em uma unica forma de pensar: Quatro pernas bom, duas pernas ruim! 
Mas a frente, essa forma adjetiva de pensar, traz sérias consequências a Granja dos Bichos, nome da fazenda onde eles moram.

Tudo isso é para dizer que é necessário expandir os limites de nossa mente, até que possivelmente não haja limites; é necessário que se aprenda a ouvir, mas ouvir para aprender e não ouvir para se combater. É necessário destruir o pensamento adjetivo sobre as coisas; isso é maléfico pois limita o campo de nossas ações. Precisamos aprender que há outras formas de pensar e precisamos aprender a pensar de outras formas; pensemos de forma verbal, agindo, construindo, fazendo diferenças; ou pensemos de forma substantiva, dando substância mesmo as nossas idéias, nomenclaturando as coisas; mas nunca adjetivando.

A vida pode ser infinita
 de muitas formas...

Quando você adjetiva, você contamina o pensamento e acaba limitando o campo de ação ao seu gosto pessoal. Com isso você pode acabar esquecendo que a vida pode ser infinita de muitas formas... Esquecendo por exemplo, que o universo é infinito e que muitas coisas não cabem em duas palavras opostas; ou que por exemplo, a terra é esférica e uma esfera não tem inicio nem fim; esquece que não existe o meio de algo e o que você pensa ser o meio, terá outro meio, que terá outro meio e assim infinitamente... Você esquece, apenas em mais um exemplo, que a terra não faz dois movimentos como achávamos e sim quatorze!!! QUATORZE!!!

Livrando-se do pensamento adjetivo, há mais possibilidades de se livrar de muitas amarras culturais. Assim quem sabe um dia, estejamos livres de muitas lutas que nos aflige? Falo das lutas sociais, do clamor por mais justiça, pela luta por mais equidade e mais um monte de coisas... Não vejo como essas ações possam ser benéficas, assim como não o é a existência das coisas que mobilizam essas lutas. Eu realmente acredito, que com o fim do pensamento adjetivo, há uma possibilidade maior de que um dia, cada ser faça realmente a diferença e assuma seu lugar no mundo.

Eu acredito que pensando assim, um dia nos livremos da máxima "Quatro pernas bom, duas pernas melhor ainda..."


Pensando assim, quem sabe?


A diversidade fortalece...!!!

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