O Sistema Internacional de Unidades, ou simplesmente SI, é um sistema criado na década de 60, na Conferência Geral de Pesos e Medidas em sua décima primeira edição. O objetivo foi o de padronizar as unidades de medida a fim de facilitar a sua utilização e torná-las acessíveis a todos. Convencionalmente, passou a ser usado pela grande maioria dos países do globo, como padrão, facilitando a vida das pessoas que viajam entre países e melhorando a relação comercial entre as nações.
O mais interessante do SI é que não é um sistemas baseados em "achismos"; há uma ciência por trás de cada unidade; por mais que não seja necessário que uma pessoa saiba o que é um metro, talvez seja impossível viver sem saber quanto vale um metro. O SI também não foi algo que surgiu da noite para o dia; ele é resultado de anos de discussões, concessões e ajustes, até que se chegasse em um ponto que fosse de benefícios da maioria. E é aqui que entra a palavra chave: discussão.
O SI foi fruto de uma série de discussões no decorrer dos anos e ao que parece, nós não aprendemos a discutir. Estamos quase sempre associando a ideia de discussão ao conceito de confronto e ignoramos completamente as questões que estão em conflito. Desse modo, acabamos nos distanciando do objetivo final de qualquer discussão, que é o de chegar em um ponto comum que beneficie a todos; chegar a um ponto comum deveria ser o grande X da questão.
Ponto comum é aquele ponto de interseção; o local onde todos se encontram; onde há um consenso. Engloba dizer, então, que é sobre a grande maioria e não somente a classe que você pertence.
Mas, espera lá: a que classe você pertence?
Saber identificar a que classe social você pertence é conhecido como consciência de classe. A ideia de consciência de classe não é algo novo e nem moderno, porém é algo que foi camuflada, de forma bem sucedida e estratégica pelo modelo publicitário do capitalismo. É através da propaganda, que é a grande alma do negócio, que o modelo capitalista se move. Ela é responsável por nos fazer sonhar e convencer que precisamos de inutilidades que prometem deixar nossas vidas um pouco mais confortável e faz isso de uma forma genial: associa conforto a riqueza. Desse modo, se você está em sua casa sentado em algo confortável, tem-se a ideia de que você está rico, quando na verdade, tudo que você consegue administrar é o grau de pobreza (digo isso considerando que você dependa de seus esforços físicos e mentais para conseguir alimento).
Camuflando a ideia de consciência de classe e nos convencendo que estão produzindo conforto, somos induzidos a consumir produtos e a ignorar absurdos, que passam despercebidos aos nossos olhos, mas que não deveria, como conceber o fato que uma única pessoa possa ter mais dinheiro em sua conta no banco, do que um país possa acumular (com seu PIB), agravando o absurdo ao fato de que essa mesma pessoa tenha acumulado sua riqueza estando a frente de uma empresa com sérias denúncias de exploração de mão de obra análoga a escravidão. Encaramos isso como algo normal, mas não! Não é!
É dentro do cenário camuflado de consciência de classe, que somos introduzidos também, a falsa noção de recompensa, que aparece em forma de privilégios, coisas que deveriam ser básicas e acessíveis a todos. De forma metódica, "juvenaliana" e maquiavélica, nos é fornecido recompensas a base de "conta gotas". Estamos tão convencidos a sermos gratos com pouco, que chegamos a nos convencer que há uma lógica vitoriosa na máxima "pouco é melhor que nada".
É dentro desse modelo maquiavélico, de oprimir acesso ao básico e dá em forma de recompensas coisas
que já deveriam ser seu por direito, que acabou se fortalecendo, de maneira equivocada, uma prática cristã que é nociva ao crescimento.
Somos martelados desde cedo com a ideia de que nascemos com a herança do pecado e temos uma divida eterna com deus (ou Deus, se preferir) e que por isso, devemos viver para agrada-lo de alguma forma. Criamos uma forma dualista de pensar, classificando as atitudes como certas ou erradas (que agradam ou não a deus) e dessa forma, suprimimos nossa capacidade de pensar de forma critica.
O pensamento critico é crucial para o nosso desenvolvimento humano social; sem ele, o Sistema Internacional de Unidades já mais iria acontecer; foi através da construção de pensamentos críticos, que classes de cientistas, com consciência de classe, se viram, se encontraram e se entenderam; criaram regras e padronizaram o sistema.
Sem o pensamento critico o SI não seria possível; sem o pensamento critico, não temos como ter consciência de classe; a ausência de consciência de classe, por sua vez, coloca em lados opostos, pessoas que deveriam está defendendo os interesses mútuos e não individuais. A ausência de pensamento critico, atrelada escassez de recursos e ao eterno sentimento de culpa, nos coloca tão na contra mão de nossa natureza, que ficamos ávidos de estarmos certo em alguma coisa; transferimos a avidez em busca e a busca virou torcida; dessa forma criamos bandeiras, vestimos camisas e damos a qualquer tipo de discussão o mesmo tratamento que damos ao nosso time de futebol.
De fato, fomos condicionados a defender nossas ideias da mesma forma que defendemos os nossos times de futebol: com camisa, paixão e bandeira. Dessa forma, criamos fissuras, acabamos confrontando nossos semelhantes e norteamos os culpados, ignorando o fato que nós não somos a régua que tria a medida do mundo.
Há um sistema para isso!
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