Num canto encostado, numa sala esquecida, um velho empoeirado dormia.
Já não havia brilho em sua alma e nem paz em seu espirito, ou nenhum sentimento de esperança. Ou qualquer sentimento de qualquer coisa...
Seus ombros curvados e sua cabeça calva, inclinada, denunciava sob seu corpo o peso do tempo e sob sua mente a experiência de uma vida, que agora jaz vazia.
Em seus sonhos não realizados, uma certeza: as coisas não mudam, as coisas só envelhecem!
O velho já não defendia mais a vida, como defendia antes; também já não se importava mais com as lutas, como se importava antes... O cansaço venceu, a matéria perdeu e aquela promessa de que não ficaria pedra sobre pedra, ainda mantém as pedras no lugar...
O velho ainda respira, mas a essa altura pouco importa. Sem ninguém para questionar se a dor em seu peito é arritmia ou fibromialgia, tanto faz! Para o velho o que dói mais é solidão!
E solidão faz parte do ciclo...
Se ele teve tempo? Sim! Ele teve... Tempo suficiente para entender que a vida é uma piada sem graça e envelhecer é entender essa piada!
Houve tempo suficiente para entender que independente do que digam, viver é crescer e evoluir para depois encolher e regredir; o ciclo se repete não importa o que você deseja, não importa o que você faça; viver sempre será um retorno ao seu lado mais sombrio... Como uma piada que perde a graça com o passar dos anos...
Aos poucos, ele foi percebendo que o desejo de vitória é uma parte possessa, um apego ilusório de reações que está fadada ao falecimento, e por isso, não há nada de especial pelo que lutar. Tão pouco não resta orgulho... O orgulho é como uma cortina, que cresce, te cobre e apaga o seu estado de consciência.
Sonhar, é o entorpecente pra vida e o amor é o combustível para os jovens...
Um velho não ama...
Um velho dorme num canto, com dores no peito e poeiras em seus ombros...
E pela frente, esquecimento e eternidade...
Será que o velho aproveitou a jornada?
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